sábado, 21 de abril de 2012

Dorme Ruazinha, de Mário Quintana




Gostaria de presentear vocês com uma poesia que fez parte da minha infância.
Desde a primeira vez que a li, nunca mais foi esquecida. Carrego-a, viva, na minha memória, até o dia de hoje.


DORME RUAZINHA
Mário Quintana

Dorme ruazinha…  É tudo escuro…
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranqüilos…

Dorme…  Não há ladrões, eu te asseguro…
Nem guardas para acaso perseguí-los…
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos…

O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão…

Dorme, ruazinha…  Não há nada…
Só os meus passos…  Mas tão leves são,
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração…

Fonte:  Antologia poética para a infância e a juventude, Ed. Henriqueta Lisboa,  Rio de Janeiro, INL:1961.






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